Forum Português de Música

Fórum onde se discute música clássica e cultura em geral.

 

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Por favor...

Gostaria de exortar os forenses a não criarem desnecessariamente mau ambiente.
O forense que assina «resinga» não escreveu o que quer que fosse contra a memória de Sousa Mendes; pelo contrário, pretendia uma homenagem ainda mais veemente, com «alguma música dos que se oposeram áquela barbárie, e por isso sofreram, ou foram suas vítimas».
(passem os erros de sintaxe)
Que mal há nisso? Várias entidades judaicas têm reconhecido publicamente o papel de Sousa Mendes. É certo que já é a homenagem possível, mas não seria de modo algum mal pensado incluir música judia, já que foram maioritariamente estes cujas vidas Sousa Mendes salvou.
As respostas inflamadas são, a meu ver, injustificadas.
Por favor, repito, não criem –desnecessariamente- mau ambiente, sobretudo onde ele não existe.

Re: Por favor...

Não fui para aqui chamada mas – por consideração pela memória do nosso heróico diplomata, de quem, como portuguesa, muito me orgulho - peço licença para acrescentar o que pude investigar sobre esta figura:
Aristides de Sousa Mendes não salvou maioritariamente judeus; pelo contrário, foi o único a deitar a mão aos que eram desprezados por aqueles heróis que salvavam a troco de dinheiro e por ideais políticos. Ele foi, assim, o maior de todos ... e o menos conhecido.
Salvou uma multidão de outros perseguidos que Hitler também odiava: os que tinham ideias políticas ou raças diferentes, os doentes e os deficientes que o seus amavam e não queriam perder, famílias como a do imperador da Áustria que, com as suas crianças, iria ter o mesmo desgraçado fim que teve a do czar da Rússia. A todos os que ali apareceram ele alojou como pôde e alimentou com o seu salário de cônsul que deveria ser embaixador, havia muito, mas estava preterido por não se ter prestado a expiar e delatar os refugiados políticos, quando foi cônsul na Galiza.
Desta multidão, dizem que só cerca de um terço calhou serem judeus. Por isso, a única razão pela qual julgo que ficaria bem terem convidado um grupo de músicos hebreus (de preferência a residir entre nós) é a de terem sido os judeus os únicos que se mostraram gratos e tentaram, em vão, salvá-lo da miséria a que Salazar o condenou impedindo-o até de exercer a advocacia. Aquela nobre alma tudo recusou por achar ser-lhe devida a pensão de reforma que, por malvadez, lhe prometeram para o deixarem esperar por ela, até à morte (14 anos). Dos judeus só aceitava a malga de sopa, esperada em fila, com os outros pobres.
Foi amortalhado num hábito de frade, por já não ter um fato. Era assim o salazarismo!
A música que vai ser tocada em sua homenagem é aquela de que ele gostava, a que ele, músico amador, ensinava aos seus numerosos filhos, para tocar, com eles, em casa.
Quando resumi tudo isto, num fórum inglês de música, recebi um comentário que me fez inchar de orgulho patriótico: “Whaw! Que pessoa tão respeitável!”
Saudações.

Re: Por favor...

Na verdade e relendo parece-me que o sr resinga não escreveu nada que vá contra a memória de Aristides de Sousa Mendes. Talvez, por "parece o chá das tias" eu me tenha exaltado demasiado e interpretado mal as palavras do sr resinga.
Esclareço que nada tenho a ver com a programação nem com a organização do concerto, mas tenho pena, porque me daria muita honra.
Sei que se pretendeu fazer um concerto onde fosse tocada música que habitualmente se tocava em casa de Aristides de Sousa Mendes.

Sei que Aristides de Sousa Mendes era Católico Praticante, e eu que sou completamente ateu admiro-o por ter sido um verdadeiro católico. Fez aquilo que outros apregoam e não patricam. Os beatos, hipócritas e ditadores Salazar e Cerejeira, foram tudo o que um catócico não deve ser. E outros há, ainda hoje que recusaram reabilitar um herói que deu tanto e sofreu tanto para salvar 30.000 vidas sem lhes perguntar se eram Judeus, Católicos, Protestantes, o que quer que fosse.

Como respeito demasiado este nosso herói - certamente o nosso maior herói do século XX - acho que não deve ser gerada aqui polémica a seu respeito e devemos estar presentes no dia 18 às 21 h, na Aula Magna.

OK! Também não queria ...

Beslicar o que quer que fosse ao prestígio dum grande Português.

Estranhei, contudo, que na lista das músicas propostas, não houvesse nada que "cheirasse" a vítimas da barbárie nazi, na qual se incluem compositores e músicos de vários matizes e origens, quer vivos (na altura), quer por via de obras proibidas.

A minha "provocação" teve pelo menos o mérito de justificar a escolha musical, visto que "se pretendeu fazer um concerto onde fosse tocada música que habitualmente se tocava em casa de Aristides de Sousa Mendes", sobre a qual nada mais tenho a dizer.

Saliento só a sua variedade.

Toca-la "in loco", contudo, seria, no mínimo, difícil dado o mau estado do Palacete de Cabanas de Viriato (Será que já está a ser recuperado?).

Há, contudo, um comentário que não quero deixar passar, relativo ás respostas anteriores:

Eu falei em "vítimas", e não em qualquer sub-sector de vítimas em particular.

Distingui-las sempre me pareceu um "negócio perigoso" ...

Re: OK! Também não queria ...

As minhas desculpas pela má interpretação das suas palavras.
Tanto quanto sei o palacete de Cabanas de Viriato não está a ser recuperado, pois os dinheiros prometidos não vêm, como é hábito neste país.De todo impossível fazer o concerto no palacete. Ao que sei a intenção seria recuperá-lo criando o Museu Aristides Sousa Mendes e o Museu do Holocausto. Julgo não estar errado.
Sei também que eram frequentes os saraus musicais em casa do cônsul, que com os seus 14 filhos chegava a formar grupos de música de câmara.
Aristides de Sousa Mendes, que estudou em coimbra, era um apaixonado pelo fado de Coimbra, daí também a presença de Nuno da Câmara Pereira. Poderia parecer estranha no meio de música erudita a presença de um fadista.

Tudo bem. Relativamente ao fado ...

Poderá não ser "erudito", mas, gostemos, ou não, ainda é o que de melhor se vai ouvindo (música e letra) cantado em português, e trespassa todas as classes sociais falantes de português ...

Quanto ao estado do Palacete, enfim, é fado ...

Re: Erro de digitação

Schubert...
Não tem a nada a ver com a discussão, é só uma chamada de atenção.

Re: Re: Erro de digitação

Claro que sim. Tem toda a razão e agradeço. Schubert viveu entre 1797 e 1828 e não 1928 como referi.
As minhas desculpas

Re: Concerto em memória de ARISTIDES DE SOUSA MENDES

Acho tudo muito bem. No entanto este país tem falta de espírito crítico. O Sr. Nuno da Câmara Pereira desafina até quando canta em playback, pelo que não pode dizer-se que foi um mau momento! Nada tenho contra o fado pelo contrário. Mas gosto de o ouvir bem cantado. Não basta ser monárquico e gostar de toiros para cantar bem o fado. É preciso ter algum ouvido no mínimo!!!...

Re: Concerto em memória de ARISTIDES DE SOUSA MENDES

Oi Virgilão!

Esse cara era bom mêmo?
Aqui no Brasil só se fala na Ruth Marlene.
Vc é tão culto que aqui vc ganharia uma boa grana.
Tou curtindo esse negócio. Valeu i'mão!

Um abraço