Forum Português de Música

Fórum onde se discute música clássica e cultura em geral.

 

Forum Português de Música
Start a New Topic 
Author
Comment
View Entire Thread
Três?

Uma seria demais.
Três óperas completas?

Re: Três?

Claro que não.
Três árias de ópera.

Re: Re:

Uma já chegava; ao longo de nove anos não houve de certeza um único dia em que não se passou dessa música.

Re: Re: Re:

Palavra que não compreendo muito bem estes ataques ao programa Ritornello. Que se critique a direcção da RDP enquanto cabeça de uma programação global que pode, ou não, ser má, boa, ou assim-assim, é normal, e deve-se exercer o direito de crítica. Porém, criticar um programa individual por o seu autor ter determinados gostos, não compreendo. Já fiz, como devem saber, vários programas para a RDP, e a maior parte era vocacionada para a música moderna, não tanto por eu gostar mais desta (gosto de todas as épocas), mas porque, enquanto autor de programas ou escritor de música, prefiro falar do que me está mais próximo temporalmente. Seria ridículo alguém me criticar, não pela qualidade do programa, mas pelo facto de eu só passar nesses programas música do século XX. Ora, essa é a razão do programa e a minha escolha pessoal, pois o programa é meu e eu é que decido.

Ora, se o Jorge Rodrigues (que eu nem conheço pessoalmente, não estando a falar cegamente em defesa de "amigos", nem da RDP, pois já não tenho qualquer vínculo à mesma) gosta de ópera italiana e o programa é dele, porque raio havia ele de passar música de Xenakis?

Critiquem filosofias globais da RDP, devem fazê-lo até, é saudável a crítica, mas este tipo de discussão sobre gostos pessoais em programas de autor é absolutamente estéril, e sem sentido. Em vez de passarem essas duas horas a ouvir o Ritornello, se não gostam da ópera italiana, façam como eu, passem as duas horas a ouvir em casa uns CD's de Xenakis, Bach, Machaut, Gesualdo, Chopin ou Stravinsky, sei lá. Tudo menos ópera italiana!

Cumprimentos,


Sérgio Azevedo

Re: Re: Re: Re:

>Palavra que não compreendo muito bem estes ataques ao
>programa Ritornello.

E eu não compreendo se está sequer interessado em compreender. Se assim for posso tentar explicar. Passo aliás a fazê-lo, apesar do seu tom de quem já sabe tudo.

>Que se critique a
>direcção da RDP enquanto cabeça de uma programação global
>que pode, ou não, ser má, boa,
>ou assim-assim, é normal, e deve-se exercer o direito de
>crítica. Porém, criticar um programa
>individual por o seu autor ter determinados gostos, não
>compreendo.

Ver acima.

>Já fiz, como devem saber,
>vários programas para a RDP, e a maior parte era vocacionada
>para a música moderna, não
>tanto por eu gostar mais desta (gosto de todas as épocas),
>mas porque, enquanto autor de
>programas ou escritor de música, prefiro falar do que me
>está mais próximo temporalmente.
>Seria ridículo alguém me criticar, não pela qualidade do
>programa, mas pelo facto de eu só
>passar nesses programas música do século XX. Ora, essa é a
>razão do programa e a minha
>escolha pessoal, pois o programa é meu e eu é que decido.

Uma ressalva desde já: Sem querer instituir o poder aos ouvintes, deve no entanto ser tida em conta a vontade destes. A questão é vasta e não pretendo aqui discuti-la exaustivamente, mas há programas e programas, o que está em discussão é-nos, por assim dizer, imposto, dada a duração (diária e ao longo dos anos) e o horário.
Se quando não se gosta dum programa a única coisa a fazer, na sua opinião, é mudar de posto e calar, então tem razão. Mas eu não concordo de modo algum com isso. Quem cala consente e nem por sombras alinho nisso. Lembro que o programa é pago com dinheiro dos contribuintes.

>
>Ora, se o Jorge Rodrigues (que eu nem conheço pessoalmente,
>não estando a falar cegamente
>em defesa de "amigos", nem da RDP, pois já não tenho
>qualquer vínculo à mesma) gosta de
>ópera italiana e o programa é dele, porque raio havia ele de
>passar música de Xenakis?

O exemplo é seu. A questão é quantitativa e não qualitativa. O seu exemplo aproxima-se da demagogia.
Esse programa abusa dum estilo musical, ao ponto de se tornar insuportável. Qualquer análise estatística mostrará este facto. Acresce que o autor já teve e tem outros programas e tudo junto não passa de «vira o disco e toca o mesmo».
Será que se a direcção da emissora me adjudicar a feitura dum programa em determinados moldes eu passo a ter uma folha branca? Será que isso me dá o direito de embebedar os ouvintes com a música que prefiro?

>
>Critiquem filosofias globais da RDP, devem fazê-lo até, é
>saudável a crítica,

Não tenho feito outra coisa.

>mas este tipo de
>discussão sobre gostos pessoais em programas de autor é
>absolutamente estéril, e sem sentido.

Visto do lado de quem já teve programas, a sua posição é compreensível, mas será que já lhe ocorreu que há outro lado?
Ou será que defende o «posso, quero, e mando»?

>Em vez de passarem essas duas horas a ouvir o Ritornello, se
>não gostam da ópera italiana,
>façam como eu, passem as duas horas a ouvir em casa

Acho que devia rever os seus pressupostos. Nem todos estão em casa a essa hora. Nunca pensou nisso? Aliás, basta pensar um pouco para perceber que essa é a única razão porque o programa é tão ouvido. A não ser que se queira ouvir uma rádio igual a tantas outras, com música pimba, etc., a única alternativa é ouvir a A2, que à hora de ponta, hora a que a maioria está num engarrafamento e não sentada em casa, o programa que está no ar é esse. Estando aprisionado num carro, o ouvinte tem que o gramar; se estivesse em casa ouvia outra coisa.
Essa sua atitude de quem sabe tudo não me parece a mais pensada.

>uns CD's
>de Xenakis, Bach, Machaut,
>Gesualdo, Chopin ou Stravinsky, sei lá. Tudo menos ópera
>italiana!

Estas discussões vêm de trás, e pelos vistos nunca participou em nenhuma.
Não é intenção minha ser desagradável, mas obriga-me a trazer à baila toda uma série de questões básicas nas quais devia ter pensado antes de escrever.
A atitude de cala e não refila, que acaba de preconizar, é de facto regularmente defendida aqui pela sociedade protectora do status quo. A sua intervenção não trás nada de novo.
Entre outras coisas, o que está em causa é a falta de variedade e o excesso de conversa. O programa em questão é dos piores nesse aspecto.
A sua premissa de ser um programa de autor e como tal intocável não tem validade para todos. Partindo desse princípio, o autor podia fazer o que quer que quisesse e os ouvintes só tinham que o gramar e nem sequer podiam refilar. Não creio que concorde sequer com isso. No entanto fico à espera da sua opinião mais fundamentada.
A partir do momento em que o autor do programa tem conhecimento das opiniões desfavoráveis e continua orgulhosamente só, que deve o ouvinte descontente fazer? Sugestões suas quanto a isso, que não a anterior, são bem vindas.
Os aniversários desse programa são tão iguais que podiam perfeitamente gravá-las e repeti-las. Ainda ontem foi o habitual fartote de palheta com música a conta gotas...

Re: Re: Re: Re:

Apesar de me abster o máximo possível de aqui participar activamente não deixei de acompanhar sempre que possível, mas agora, que me desculpe o Sr. Sérgio Azevedo, não resisto a perguntar, por onde tem andado nestes últimos anos no que concerne a uma apreciação crítica da A2?

Cumprimentos

Re: Re: Re: Re: Re:

Pelos vistos, não me fiz compreender. Nunca disse que não se devia criticar, mas criticar um programa de autor pelas escolhas que o autor faz, não resulta. Desculpem lá os senhores dos engarrafamentos (podem sempre comprar um leitor de CD barato e ter uns CD's da música que gostam no carro, como eu faço quando a programação não me agrada), mas a RDP, ao convidar autores para fazer programas próprios, espera que estes façam programas próprios, e não programas feitos segundo sondagens aos ouvintes. Há quem não goste do Ritornello, claro, mas também há quem goste, e, segundo as sondagens, até são mais do que aqueles que não gostam. Quem tem pois razão? Claro que a RDP é paga com o nosso dinheiro, mas dizer ao sr. Jorge Rodrigues o que deve passar no seu programa é o mesmo que ir ao Dona Maria e dizer ao encenador "x" para mudar a encenação de determinada peça pois determinado espectador não gostou. Isso é censura, e censura feita por uma única pessoa. Um autor tem o direito a fazer aquilo que quer, e quem não gosta come menos, pois é mesmo assim. O nosso cinema também é patrocinado pelo Estado, e não gosto de vários filmes. Pois então proimbam-se os cineastas de fazer os filmes como eles querem, já que eu não gostei!

Como vê, a sua argumentação é deste tipo, e não leva a lado nenhum. O que é mais irónico é que eu também não gosto por aí além do programa, pois o meu tipo de música, embora em geral oiça de tudo, não é tão virado para a ópera italiana a ponto de ouvir o Ritornello todos os dias. Por isso, mudo de canal, desligo o rádio, vou ler, ou ponho um CD meu no carro, se por acaso estiver numa bicha. Esta atitude nada tem a ver com "cala consente", conforme o forense insinuou. Somente, há coisas que são mesmo assim, e o direito do autor a fazer um programa como ele bem entende é sagrado. Se não fosse assim, não existia arte individual, apenas arte controlada, como aconteceu em vários países durante regimes totalitários. Eu também já tive subsídios estatais, portanto pagos com o dinheiro de todos nós (o meu inclusive), para compôr peças. E era o que me faltava se eu, por causa disso, não pudesse compôr como desejasse. Sou um autor, um criativo, e o autor do Ritornello também é. Não estamos acima de críticas, mas sim de certo tipo de críticas, como as relativas às escolhas de gosto. O que me parece estar por detrás destas intervenções, sempre constantes por parte de alguns (e que já vêm de longe, eu sei, pois embora nem sempre neles participe, leio muitos dos comentários nos foruns aqui na Net), é um ódio pessoal qualquer a autores e responsáveis da RDP, mascarado de críticas à programação de alguns programas, enquanto outras intervenções parece terem origem nos ódios a certos tipos de música, como os amantes do romantismo que odeiam o barroco, os fãs do órgão que destestam a música de hoje, os loucos pela ópera que odeiam a música de câmara, enfim, ódio em vez de tolerância. Talvez se abríssemos todos mais os ouvidos em vez de os fecharmos, aprendêssemos mais alguma coisa. Se a minha atitude parece ser de "quem sabe tudo" para alguns, lamento, nunca aqui ofendi ninguém nem me fiz de superior, coisa que não sou nem desejo ser. Se sei umas coisas de música, creio que sim, seria estúpido dizer que nada sei. Mas nunca disse que já sei tudo. Pelo contrário, considero que estamos sempre a aprender, e o mundo da música é demasiado vasto para uma vida. Porém, defendo a liberdade dos autores, e tenho a certeza de que muitos dos forenses que agora criticam programas por esse ponto de vista, se fossem convidados a fazer os seus próprios programas de autor, fariam exactamente a mesma coisa que o sr. Jorge Rodrigues, ou seja, passariam a música de que gostam. Não sei tudo, realmente (nem teria piada já saber tudo, para que mereceria a pena continuar a viver?), mas uma coisa sei: uma vez no lugar de quem criticamos, temos tendência a esquecer as boas intenções e a fazer o mesmo, e então quando se trata de questões de gosto!

Gostaria de ver o sr. Organófilo a passar Stockhausen e Cage, o sr. Anti-Ritornello a passar Donizetti e Bellini, e etc, etc. Fariam isso?


Cumprimentos,

Sérgio Azevedo


P.S. - Já agora, para quem me acusa de nestes últimos anos andar distraído" da RDP em termos críticos, fiquem a saber que, não fora o esforço de algumas das pessoas que neste forum (e já no anterior) têm sido sistematicamente insultadas (não criticadas, mas insultadas, o que é bem diferente), e se calhar agora já não teríamos RDP, nem boa nem má. Pura e simplesmente, não teríamos rádio clássica. Pressões estatais e outras por um triz não fecharam a casa e delapidaram o património (sim, quiseram vender ou deitar fora os arquivos e tudo). Não fora, como disse, o esforço de muitos dos trabalhadores da RDP (desde programadores até directores e outros responsáveis) e nos engarrafamentos, estaríamos a ouvir, não Verdi, mas rap. Por várias razões, esses problemas não transpiram cá para fora, mas eu sei deles, pois estive ligado vários anos à RDP. Todas as empresas europeias deste género estão a sofrer o mesmo tipo de pressões, mesmo a BBC. É um milagre ainda podermos ouvir música clássica 24 horas por dia. Podemos criticar e devemos, mas não é a insultar pessoas que nem sequer conhecemos que a RDP vai melhorar. Infelizmente, neste forum faz-se mais isso do que crítica saudável, e não fora uma gestora do forum, este estaria já atulhado na barbárie que foi o forum da própria RDP, em bom tempo fechado pois para mais nada servia a não ser para despejar frustrações pessoais.

Re: Re: Re: Re: Re: Re:

Ainda uma coisa ou duas:


Julga que eu sempre fiz programas e portanto não conheço o outro lado? É rídículo, cresci a ouvir a Antena 2, e sei perfeitamente o que é ser ouvinte de uma rádio. Aliás, como na altura não ouvia música ligeira nem jazz, só clássica, era a única rádio que escutava. Quando dava um programa que eu não apreciava, desligava e punha um disco ou ia fazer outra coisa qualquer. É mesmo assim que funciona, não se pode agradar a toda a gente.

O argumento de que é o programa mais popular por causa da hora também não pega. Claro que um programa pode não ser ouvido se passar ás 3 ou 4 da manhã, pois a maior parte das pessoas está a dormir. Isto é um facto. Agora, um programa que passa a horas mais favoráveis não tem de ter audiência somente por causa disso, ou então as pessoas são masoquistas ou fanáticas da rádio, a ponto de sofrerem todos os dias com duas horas de um programa que detestam! Coitadinhas, não são capazes de ir ver TV, de ir ler, brincar com o gato, o cão, os filhos, ir à praia ver o pôr do sol, fazer amor com o(a) respectivo(a), sei lá, milhentas hipóteses de passar melhor duas horas de tédio. Mesmo no carro, acredita que se alguém há 9 anos detesta o Ritornello, não teria já comprado um leitorzinho de CD ou cassetes (antigamente) para poder por as músicas de que gosta durante o Ritornello se fosse apanhada numa bicha de trânsito? Esse argumento da hora é ridículo. Ouvindo-o, dá ideia de que as pessoas são obrigadas a ouvir o programa, como se fosse uma cruz! Convença-se de uma coisa: o Ritornello é o programa mais ouvido porque as pessoas gostam de o ouvir. Considerar as outras pessoas todas como sendo burras, masoquistas ou fraquinhas de vontade é de uma arrogância terrível. Demagogia é isso, não os meus argumentos. Sim, mudar de canal quando nã se gosta não é calar e consentir, é ter uma atitude activa e não passiva. Se as pessoas desligassem os rádios na altura do Ritornello, o programa já não existiria. Se o deixam ligado é porque gostam do programa. Não sei como se pode ser mais claro e evidente, mas há coisas que para certas pessoas não são racionais, são questões de fé. E parece que o Ritornello, a favor ou contra, é uma questão de fé.

Re:

Brilhante! Muitos parabéns, caro Sérgio Azevedo.

Re: Re: Re: Re: Re: Re: Re:

Acho que é difícil discutir o que quer que seja com quem já sabe tudo.
Se isto é um campeonato e quer levar a taça esteja à vontade, mas olhe que se contradiz ao longo do que escreve. Por um lado diz que não sabe tudo, mas por outro só os seus argumentos é que são válidos, mas unicamente «porque sim», e os dos restantes são «ridículos». Releia lá o que escreveu. Todos temos uma certa deformação profissional e receio que não se aperceba da sua...
Não me parece, pela leitura dos seus textos que perca muito tempo no trânsito. Aliás, a sua primeira intervenção quase afirma o contrário. Depois, para sua informação, não é assim tão simples ligar um leitor de CDs a um autorádio, ou pelo menos não é assim tão barato. E, para quem trabalha todos os dias úteis, nem sequer um CD changer substitui nunca uma rádio. Mas enfim, o sr. sabe muito, até compõe, quem sou eu para o desdizer. Imagine-se que de música só sei quando me agrada ou desagrada, nem consigo destinguir notas, é natural que os meus argumentos sejam ridículos, tanta é a minha ignorância. Até julgava não desgostar (muito) de Reich ou Cage, mas daí a gostar tanto como de Mozart, deve ser uma insuficiência da minha cultura, não estar à altura da música de gente tão culta e inteligente. Deve ser por isso que não aprecio Poulenc, Messian, Boulez, etc., até estranho que sempre tenha achado que Peixinho era bom demais para este país... Aliás, se as pessoas não gostam de determinada música é porque esta não teve oportunidades...
Como tenho a felicidade de poder ouvir uma emissora extremamente limitada, mas que não junta os amigalhaços todos os anos na palheta, e que em vez disso passa música sem parar, cá me vou safando, mas que dá muito trabalho trocar regularmente os CDs, lá isso dá.
Vou tentar conceber que o programa em questão presta para alguma coisa, que as sondagens da A2 são fidedignas (são auditoriadas por quem?), que o sucesso não tem nada a ver com a hora a que vai para o ar, que os meus argumentos são ridículos e que os do sr. Azevedo são válidos (embora sejam apenas «porque sim»), etc.
Leve a taça.
Mas por favor, tente ser menos demagógico. Isso dos ódios pessoais é um bocado forte. Não conheço o sr. Rodrigues de lado nenhum e não tenho nada contra ele, mas sim contra o programa dele (apesar deste costumar ter ao microfone uma das melhores vozes que já ouvi, E.S.).
(Por acaso também acho que não deviam aparecer de cigarro na mão nas fotos)

Re: Re: Re: Re: Re: Re:

Exª Sr. Sérgio Azevedo

Entendeu o senhor respodender-me sem responder através do P.S. da sua anterior entrada de forma a tentar dizendo:

«Já agora, para quem me acusa de nestes últimos anos andar distraído" da RDP em termos críticos, fiquem a saber que, não fora o esforço de algumas das pessoas que neste forum (e já no anterior) têm sido sistematicamente insultadas (não criticadas, mas insultadas, o que é bem diferente), e se calhar agora já não teríamos RDP, nem boa nem má. Pura e simplesmente, não teríamos rádio clássica. Pressões estatais e outras por um triz não fecharam a casa e delapidaram o património (sim, quiseram vender ou deitar fora os arquivos e tudo).»

Ora, sobre o que o senhor afirmou e sobre tudo o que diz saber devo comentar o seguinte:
passe bem, estimado senhor, e componha, componha porque nós gostamos de ouvir.
Quanto ao saber tudo, dou-lhe os meus parabéns, mas sempre lhe digo que, pelo que afirmou, sabe muito pouco ou quase nada sobre o processo da A2 no quadro da Rádio e Televisão Portuguesa! Uma coisa é emprenhar pelos ouvidos, outra diversa é saber.

Passe bem.

Re: Re: Re: Re: Re: Re: Re:

Para si e para o outro senhor, para não haver confusão dos destinatários:

1. A ideia que está em jogo alguma "taça" está na vossa cabeça, não na minha. Esta é apenas uma discussão, espero que amigável, sobre questões musicais. Que cada um fique com a sua opinião, se não concordamos.

2. A ideia que eu "sei tudo" unicamente porque exprimo a minha opinião baseada naquilo que vivi na RDP, está também na vossa cabeça, pois nunca afirmei tal, seria ridículo fazê-lo. Concedam-me apenas que saberei alguma coisa de música, o que nem sequer foi chamado à discussão em termos de peso argumentativo contra alguém. Nunca fiz isso nem faria, pois aqui trata-se mais de questões de gosto e ética. Se fosse uma questão técnica, já seria diferente, e mesmo assim subjectivo, pois a música é uma arte e não uma ciência. Poucas coisas podem ser provadas, a não ser as históricas e pouco mais.

3. Aquilo que sei da RDP é sabido de dentro e não de fora. Aquilo que sai em decretos, aquilo que se ouve nos jornais e media é apenas uma ponta do iceberg. O resto não transpira cá para fora. E se eu sei de algumas coisas foi por ter lá trabalhado, se estivesse cá fora restar-me-ia ler os decretos e ouvir a TV. Não sei tudo sobre o processo, mesmo estando lá dentro, nunca ninguém o sabe nestas questões complexas, afirmei apenas que sei de algumas coisas de que pouca gente teve conhecimento, o que é completamente diferente. Entendam como quiserem.

4. Sobre questões de gosto, todos somos em geral limitados, eu inclusive. Muitas vezes não gostamos de coisas que não conhecemos unicamente por essa razão. O ser humano, nesse aspecto, é como as crianças. Por isso, certas músicas, mais que outras, têm de ser ouvidas mais vezes, compreendidas, temos de nos familiarizar com elas. Esse problema é geral, e é uma arrogância pretender que somos imunes a ele. Eu tenho-o, tal como toda a gente o tem. Nunca afirmei o contrário, aliás, fui o primeiro a reconhecer aqui as minhas limitações nesse campo, reconhecendo também que faço algum esforço para as compensar. Há já muitos estudos sobre a percepção musical e a absorção de obras desconhecidas, o papel desempenhado pela cultura, pelo preconceito, pelo ambiente no qual se dá a audição, pela própria fisiologia do ser humano, enfim, muita coisa que nos diz para temros mais atenção quando dizemos que não gostamos de algo por não termos aprofundado o assunto. Em geral, a culpa é mais nossa que da obra, embora também existam obras "impossíveis". Mas mais vezes existem "ouvintes impossíveis". Isso porém não faz deles cretinos, nem psicopatas, nem malandros, nem nada. Apenas indivíduos com certas limitações. No fundo, todos nós.


Cumprimentos,

Sérgio Azevedo