Um senhor, ou senhora, intitulado "músico", (eu pelo menos dou a cara pelo que digo) acusa-me de defender o maestro Cassuto por ele já ter tocado obras minhas e diz-me que vai averiguar quantas ele já tocou. Não precisa desse trabalho, digo-lhe já:

O maestro Cassuto tocou Coral I, no âmbito de um concurso de composição (não tendo portanto nenhuma influência pessoal) em 1990, se me recordo, depois tocou Keep Going I, em 1996, e mais recententemente tocou uma obra encomendada de 5' para a inauguração da Orquestra do Algarve (Love's Labour's Lost) e duas pequenas canções de Natal de 5' no total. A Orquestra do Algarve tocou, dirigida por Joana Carneiro, a minha Eine Mozart-Sinfonie (logo, escolha da maestrina, não dele), e em Março de 2005 o próprio Cassuto tocará a mesma obra no São Luís. Temos portanto 5 obras dirigidas por ele em 15 anos, das quais 4 são da sua escolha. Não considero demais, nem sequer que seja o maestro Cassuto o que mais tem dirigido obras orquestrias minhas. Maestros como Vasco Azevedo, Osvaldo Ferreira ou Cesário Costa têm-no feito mais frequentemente. E tal como Cassuto dirigiu algumas obras minhas, dirigiu também muitas outras obras portuguesas ao longo dos anos. Só isso, mesmo que nunca tivesse tocado nada meu, seria razão para o defender.

É pena que neste país, quando alguém defende ou ataca alguém, se tente logo ver se há interesse pessoal por trás disso, como se eu precisasse do maestro Cassuto para viver a minha vida de compositor. Claro que lhe agradeço as peças que dirigiu minhas, tal como já dirigiu dezenas e dezenas de outras peças portuguesas mais. E daí? Perco o poder da crítica? Estava bem arranjado se tivesse de dizer bem fosse de quem fosse para poder ser tocado. Felizmente sempre escrevi e critiquei o que quis. Leia os meus artigos publicados, se quiser comprovar o que digo, não será difícil encontrá-los.

E porque é que um maestro que dirige música portuguesa é inferior a outro que dirige música do seu país, um francês, ou um libanês? Temos excelente música, e o seu prémio mais recente, para a 4ª Sinfonia de Joly Braga Santos é um prémio também dado a uma obra prima injustamente negligenciada em Portugal.

O maestro Cassuto vive à grande? Não sei, felizmente não ando a contar os rendimentos dos outros para viver feliz ou infeliz. Não sei nem me interessa, o que sei é que se fosse um maestro estrangeiro, ninguém se admiraria deste ganhar bem, mas um português tem de viver na miséria...se calhar. Chamo a isso provincianismo bacoco.

Quanto à questão dos portugueses na Orquestra do Algarve, pergunte à direcão da orquestra porque é que houve apenas dois ou três a concorrerem, enquanto dezenas de estrangeiros o fizeram? Quem proíbe os portugueses de concorrerem? Que eu saiba, o maestro Cassuto nunca foi acusado de nada semelhante às acusações feitas a MGM. A Orquestra do Algarve não é do maestro Cassuto mas de uma direcção regional. Se ele ganha bem, é porque assim decidiu a direcção desta aceitar as suas condições. Ou esperavam que um maestro da sua craveira fosse para lá por dois tostões? Tal como um Emmanuel Nunes não faz peças de borla ou uma Maria João Pires não toca por dois mil réis, porque raio há-de Álvaro Cassuto ganhar mal?

Esta questão cheira mal, mas uma coisa é certa. Os discos ficam, a obra também, e é essa obra que há-de ser julgada no futuro, não torpes acusações de pessoas que nem sequer têm coragem de assinar o que dizem. Eu assumo a minha posição, assino e dou o contacto, que os outros façam o mesmo se querem algum respeito. Enquanto não o fizerem, esta será a minha última resposta a acusações deste tipo.

Passem bem, ou mal, se preferirem. Como já deviam saber, os cães ladram, mas a caravana passa...


Sérgio Azevedo

Ok... Muito bem, só queria dizer que muitos ou pelos menos alguns músicos portugueses, mais do que 2 ou 3 quiseram concorrer para a Orquestra do Algarve, mas foram logo eliminados pelos CV's.
Está dito, sem ofensa, passem bem...
Bom Natal e Bom Ano 2005...

Pois está enganado. Foram chamados vários portugueses para tocarem na Orquestra do Algarve, mas apenas um aceitou. Isto foi dito pelo maestro Cassuto na rádio. Adeus

Sobre esse assunto, também não posso dizer que esteja mais bem informado que vocês. O que sei, e disse atrás, foi que apenas alguns concorreram, e como as provas são feitas atrás de cortinas por ordem aleatória, à partida o júri não sabe quem toca. E se o maestro Cassuto disse na rádio isso que vocês referem, bem, ou se acredita ou não. Eu acredito, mas é-se livre de não acreditar. Agora, ao fazerem-se acusações graves, nãoé dever do acusado defender-se, mas sim do acusador de provar o que diz. Se alguém me acusa de uma coisa, que a prove. É nesse sentido que vão as minhas palavras de defesa. O maestro Cassuto terá os seus defeitos e terá tido os seus problemas, todos sabemos como é difícil o meio musical português (vê-se por este forum, onde mal se deixa a rédea solta se transforma numa coisa indescritível de malvadez), mas ninguém é perfeito, e eu prefiro um maestro se calhar imperfeito e problemático em certas decisões e relações com os músicos como Cassuto (e Karajan e muitos outros!) mas que faça alguma coisa pela música portuguesa (nem que o faça por outros interesses, quero lá saber, desde que a toque bem), que um santo que só toque Beethoven ou Tchaikovsky, como todos os outros fazem. Já chega da invasão no mercado da 3459658ª versão da 5ª de Beethoven ou da Patética!

Bom Natal


Sérgio Azevedo

Contra a corrente ou não, agradeço ao forense que assina «Músico» o ter ousado responder.
Lamento que as suas críticas não sejam suficientemente fundamentadas (longe disso), pelo menos na minha opinião, mas pelo menos ficámos a saber o que tem contra o maestro.
Lembro que há sempre mais que um ponto de vista para cada assunto, e há quem sustente, por exemplo, que não foi por vontade do maestro que a Nova Filarmonia terminou.
Enfim, não creio que interesse muito alongar a discussão, mas de qualquer modo obrigado por nos ter dado a conhecer o seu ponto de vista.
Quanto ao facto do maestro ter interpretado música de Sérgio Azevedo ser motivo para ser defendido por este, já não posso de modo algum aplaudir, longe disso, e acho que Sérgio Azevedo (quem de direito) o rebateu correctamente. Devia Álvaro Cassuto ter interpretado outros músicos portugueses? Sem dúvida, mas isso não tem nada a ver. Não devia ter interpretado Sérgio Azevedo? Francamente...

Realmente não creio que tenha sido por sua vontade que a Nova Filarmonia terminou. Ainda hoje o ouço falar com carinho desse projecto. Quanto ao sr. Músico, o que mais me choca nem são as acusações, qualquer um as pode fazer, desde que fundamentadas com casos concretos e provas, mas o pior é esconder-se atrás de um nome fictício. Normalmente isso indica qualquer coisa. Não nego o direito a fazer isso, nego a idoneidade de quem o faz. Eu assino o que digo. E até posso ter represálias. Quem me diz que o sr. Músico não é o director da Culturgest ou da Guklbenkian ou de outra instituição qualquer? não se escondam portanto atrás da desculpa das represálias pois eu também as posso ter. Mas prefiro assumir uma posição, doa a quem doer.

Quanto à questão do maestro Cassuto ter interpretado alguma música minha, e se ele devia tê-lo feito para outros compositores. Bem, ele fá-lo frequentemente para outros compositores portugueses. Recentemente, Victorino d'Almeida, Joly Braga Santos, Christopher Bochmann (este inglês mas radicado cá), Eurico Carrapatoso, etc. Também não se pode exigir a um maestro que toque todos os compositores portugueses, sabem quantos são, só os vivos?

É claro que um compositor é tocado ao longo da vida por "n" intérpretes. É preciso seleccionar, mas como já afirmei, com provas, nem sequer sou muito tocado por ele, como puderam verificar.

É também por essa razão que o maestro Cassuto decidiu gravar Joly Braga Santos. Ao concentrar-se apenas num compositor de alta craveira já conseguiu praticamente gravar toda a sua obra, seguindo-se agora Freitas Branco e mais tarde, esperamos, outros vultos da nossa música. E para etiquetas internacionais como a Naxos e a Marco Polo.

>>>É também por essa razão que o maestro Cassuto decidiu gravar Joly Braga Santos. Ao concentrar-se apenas num compositor de alta craveira já conseguiu praticamente gravar toda a sua obra, seguindo-se agora Freitas Branco e mais tarde, esperamos, outros vultos da nossa música. E para etiquetas internacionais como a Naxos e a Marco Polo.<<<

E nunca é demais passar esse espólio para edição comercial. Bem haja.

É num repente que surgem as vozes do dizer mal por dizer sem nada a sustentar! Foi assim, é assim, será assim...
No entanto, focar o debate em torno de Ávaro Cassuto não me parece interessante nem assertivo no que à AMEC concerne.
Porquê?
Porque antes, sim antes, tenho a aplaudir o excelente trabalho de Jean-Marc Burfin e dizer que é com muito pena minha pelo prejuízo que possa advir para a AMEC que o seu regresso não tenho sido possível.

Cumprimentos

Caro Paraquedista,

sempre se confirma a gravação de LFB pelo Maestro Álvaro Cassuto, na sequência do excelente trabalho que fez com o Braga Santos? É com a ONP?Para a Naxos/Marco Polo?

Cumprimentos

Bom se a credibilidade deste forum passa pelo facto de chamar o vasco azevedo de Maestro.... então está tudo dito.

As Sinfonias de JBS foram gravadas com a OSP pela Marco Polo
Cumprimentos