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Portugal



2005-01-16 - 00:00:00

Brutal - Músico lisboeta assassinado por razões passionais

Morto à mesa de jantar

Carla Pacheco

O casal jantava calmamente no avenida Praia quando foi surpreendido pelo homicida
Era para ser apenas mais um jantar às portas do fim-de-semana, tomado num restaurante com bom marisco, mesmo à beira da Praia da Torreira. O casal estava sentado à mesa há pouco tempo, quando a tragédia se deu. Um homem, empunhando uma caçadeira, entrou ligeiro na sala do restaurante, dirigiu-se de imediato à mesa do casal, vociferou uma série de insultos para a mulher (que estava de costas para ele) e quando o acompanhante dela se levantou – quem sabe para tentar serenar a exaltação do agressor – foi atingido por um disparo, à queima-roupa, no peito.






Esta é a história de mais um crime passional, ocorrido na noite da passada sexta-feira e que vitimou mortalmente António Oliveira Silva, de 72 anos, um músico residente em Lisboa, mas que se deslocava com frequência à Torreira, onde tinha uma casa de férias. A acompanhante da vítima, de 48 anos, estava separada do marido há algum tempo e mantinha uma relação amorosa com o músico.

Ao que o CM apurou, o homicida, Álvaro Ferreira, de 58 anos, guia-turístico na cidade do Porto, não aceitava o afastamento da mulher, nem estaria satisfeito com o relacionamento desta com a vítima. De tal forma, que existiam por parte de António Silva queixas policiais por ameaças de morte proferidas pelo ex-marido da companheira há cerca de quinze dias.

Várias testemunhas no local afiançam que o assassino estaria há já algum tempo dentro de uma viatura estacionada no exterior do restaurante, de onde conseguia visualizar a mesa com a vítima. “As pessoas que estavam a jantar ao lado deles contam que o indivíduo ainda chamou vários nomes à senhora, insultando-a e dizendo que não aceitava continuar a ser o ‘corno’. Nisto disparou contra o homem e ficou a olhar para ele como se nada fosse”, conta Pedro Fernandes, proprietário do restaurante Avenida Praia.

Enquanto a vítima agonizava com um extenso ferimento no peito, que lhe roubou a vida antes mesmo de ser assistido pelos médicos, o homicida foi mantido no local até à chegada da GNR, não oferecendo qualquer resistência. “Valeu-nos a reacção rápida de um magistrado [um juiz], que estava a jantar, que lhe tirou a arma e o sossegou até à chegada da polícia”, conta o proprietário.

O indivíduo foi ontem ouvido no Tribunal de Estarreja e vai aguardar julgamento em prisão preventiva.

APANHADOS DE SURPRESA

O proprietário do Avenida Praia, Pedro Fernandes, contou ao CM que estava ao balcão quando o homicida entrou no estabelecimento. Confessa que não reparou nele, nem tão pouco na arma que empunhava, e a primeira recordação que tem do acontecimento foi “uma discussão em voz alterada na sala de jantar, seguida de um estrondo e de gritos”. Quando se aproximou do local, já a vítima estava no chão e o homicida pousara a arma e estava imóvel.

Pedro Fernandes conta que “o assassino nunca foi visto na Torreira, enquanto o casal, apesar de não residir na região, não era estranho ao restaurante” e acrescenta: “Ele é pai de uma jornalista da SIC (Joana Latino) e tem casa de férias na Torreira, por isso não é de estranhar que viesse cá jantar.”

PORMENORES

CLIENTES

Estavam cerca de 40 clientes no restaurante quando o homicida entrou. Segundo o proprietário, ninguém se apercebeu que o homem vinha armado com uma caçadeira, tal a rapidez com que se deslocou à mesa e disparou.

JUDICIÁRIA

Os agentes da PJ do Porto chegaram ao local por volta da meia-noite, já o restaurante estava fechado ao público. Falaram com algumas das testemunhas, incluindo a companheira da vítima e fizeram um primeiro interrogatório ao suspeito.

MULTIDÃO

A notícia do crime espalhou-se na Torreira e levou uma pequena multidão de curiosos ao Largo da Varina. A informação que o assassino ainda estava dentro do restaurante aumentou o interesse, mas os populares não o chegaram a ver.