Se o IGL não tivesse anunciado este recital, eu teria pena de o ter perdido. Assim, consegui deslocar-me até à Sé, e ouvir um dos nossos melhores organistas. Fiquei satisfeita por verificar que ele se mantém o mestre que aprendeu a ser com os grandes mestres que teve: o saudoso Joaquim Simões da Hora e Antoine Sibertin Blanc, felizmente ainda vivo.

Este último, tão injustamente desprezado pelo povo a cuja cultura se entregou, por amor do órgão português, a antecessora da A2 habituou-me a ouvi-lo tocar, desde a década de 1960.
Mas as melhores recordações que tenho dele são as de, ao passar, na juventude, pela igreja de S. Vicente, escutar o som do órgão e entrar. Deixava-me ficar ali, esquecida de tudo, a ouvir aquele francês, também ainda jovem, cuja beleza loura brilhava ao fazer soar divinamente o velho monstro dourado, igualmente belo.
Hoje, é com enorme saudade, e ânsia de saborear, até à ultima gota, a arte que o Professor Sibertin-Blanc generosamente nos oferece, que vou sempre assistir aos seus recitais ... desde que deles tenha conhecimento, e também aos dos seus melhores discípulos.